quinta-feira, 31 de maio de 2012

MERO VEU

MERO VEU
És mero, viu veu das escamas onde escondeste-me tu. Permeiam teus paladares absortos o relapso senhor dos dias - das tuas camas vazias e das noites pérfidas de luz. Ouve-se teu menestrel arrotar a vida aos coxos ouvidos dos sonhos teus. Sem libido, inibido – rasga-te a carne os verbos, dilaceram teu silêncio divino; e esses, lépidos em sintaxes, em advérbios, calam-te aos beijos, aos louvores perdidos. Necessitas tu imitar os grandes que fiam as palavras imprecisas no tear insano dum eterno desejar? Não és nada, és mero veu, viu veu que outrora deixei-o à estrada - pois bem sabes tu - que mesmo as eras dos tempos - ficam pelo caminho, e do gênio das loucuras à ilustre razão de menino - todos - deitam-se, deleitam-se de minha rasa terra escura. Oh felicidade! És o meu céu, fruta do pecado saboroso dos segundos, rosa dos ventos, lívida sedutora das odisseias. Liberta teu veu - faz mero esse filho do mundo, pois nosso amor jaz eterno. Quiçá um dia, ter-nos-emos feito do mal nosso maior bem fecundo. 

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