terça-feira, 10 de maio de 2011

Bits da Vida Real

Véu da Guerra Fria tecido na face do mundo,
Vírus das letras que se matam em digitais,
Vida que segue dedilhando nosso utópico crer;
Falar-se-ia em códigos perfeitos – mais que perfeitos,
Infinitos caminhos das incógnitas desse viver.

Beijar-se-ão por ventura em clicks?
Sim... Há links de desejo que ecoam ilusão,
Conecte-se! Reverbere seu ser... Oh! Moribundo!
Entre nas redes que não servem para descanso,
Pelo contrário: deite-se nelas e chacine seu mundo.

Fibras e conexões da Babel antagônica dos céus,
Onde fala-se toda língua, acha-se toda agulha,
Em milionésimos segundos dos searches virtuais;
Pessoas são scraps emoticonizados e sem voz,
Buscam suas vidas nesse paraíso fugaz.

Deixar-se-ão baixar aos níveis impensáveis,
Cedendo seus passwords para todas as jornadas?
Quiçá poderemos de fato ver e aprender;
Sem mentiras, sem flashes, sem ilusões em perfis,
Encontraremos enfim o calor que outrora julgávamos ter.

Fácil é ligar-se num ledo viajar... E para quê?
Difícil é imaginar tantas bocas e olhos viciados,
Incapazes de receber neste universo surreal;
Um abraço ou toque em suas peles cibernéticas,
Dar-lhe-emos nosso tudo: bits da vida real.


Poesia cibernética: Venilton Matos

Nenhum comentário:

Postar um comentário