
Véu da Guerra Fria tecido na face do mundo,
Vírus das letras que se matam em digitais,
Vida que segue dedilhando nosso utópico crer;
Falar-se-ia em códigos perfeitos – mais que perfeitos,
Infinitos caminhos das incógnitas desse viver.
Beijar-se-ão por ventura em clicks?
Sim... Há links de desejo que ecoam ilusão,
Conecte-se! Reverbere seu ser... Oh! Moribundo!
Entre nas redes que não servem para descanso,
Pelo contrário: deite-se nelas e chacine seu mundo.
Fibras e conexões da Babel antagônica dos céus,
Onde fala-se toda língua, acha-se toda agulha,
Em milionésimos segundos dos searches virtuais;
Pessoas são scraps emoticonizados e sem voz,
Buscam suas vidas nesse paraíso fugaz.
Deixar-se-ão baixar aos níveis impensáveis,
Cedendo seus passwords para todas as jornadas?
Quiçá poderemos de fato ver e aprender;
Sem mentiras, sem flashes, sem ilusões em perfis,
Encontraremos enfim o calor que outrora julgávamos ter.
Fácil é ligar-se num ledo viajar... E para quê?
Difícil é imaginar tantas bocas e olhos viciados,
Incapazes de receber neste universo surreal;
Um abraço ou toque em suas peles cibernéticas,
Dar-lhe-emos nosso tudo: bits da vida real.
Poesia cibernética: Venilton Matos
Nenhum comentário:
Postar um comentário