sexta-feira, 29 de abril de 2011

Resenha - Camundo - O Desenho e a Sombra


Olá pessoal, hoje tenho o imenso prazer de trazer a resenha de ►Camundo - O Desenho e a Sombra do meu amigo Nanuka Andrade; mas antes vamos conhecê-lo melhor?


"Bom, meu nome é comprido e tem gente que acha que é nome de médico, rs! (então, prefiro Nanuka Andrade, acho que é mais parecido comigo) Sou Publicitário. Nascido em São Paulo. Neto de japoneses por parte de mãe, e portugueses por parte de pai. Vivi no Rio de Janeiro, Matão (SP), Ribeirão Preto (SP) e Campinas (SP). Tenho 36 anos. Não sou casado (ainda). Desenho desde sempre. E escrevo desde criança. Como quadrinista, fui premiado pela APP Sudeste, pela EXpo-humor. Atualmente, trabalho criando mascotes e personagens para empresas estatais, privadas, e bancos. Tenho duas calopsitas, rs! E como escritor, aguardo a publicação do meu primeiro romance "Camundo - o desenho e a sombra".

Viram só como se trata de talento nato?Agora vamos ao seu belo livro?

A história de Camundo – o Desenho e a Sombra é passada na cidade de Curitiba no ano de 1922; o livro começa relatando a tentativa de fuga do personagem principal (Camundo) do Asilo dos Desvalidos (sombrio e fedorento), a ação é frustrada e o garoto retorna ao casarão destelhado que ficava na Rua do Fogo, refúgio dos órfãos que lá eram maioria. Neste dia, Camundo foi trazido de
volta pela arrumadeira Mariana que sempre estava de olho nas ações do garoto. Mariana surge como um tipo de anjo da guarda, tendo um cuidado maternal com ele; Mariana o salvará de várias situações no decorrer da história.

O cuidado “exagerado” pelo rapazinho por parte da arrumadeira tinha explicação: Camundo sofria de uma alergia estranha que o impossibilitava de ver a luz do sol (seu inimigo) e isso o mantinha quase o tempo todo nas sombras longe das janelas. O garoto também desenhava e não se tratava de meros desenhos: eram traços – na maioria das vezes - sombrios que se tornavam realidade. A ação do lápis de Camundo era idealizada diante de seus olhos e na maioria dos casos acabava por apresentar um lado negro e desastroso. O dom de Camundo chamou a atenção dos amigos do Asilo, da arrumadeira que tentava protegê-lo ajudando lhe dar com aquela situação adversa. Camundo também provocaria a “curiosidade” de outros sujeitos que certamente tinham outro interesse em seu dom.

Depois da queda do Seu Lineu na escada, a polícia foi ao Asilo investigar, Camundo saiu enfim do casarão sob a proteção de Mariana que juntamente com Cindina o levaram para o palacete do arrogante Sr. Duarte, pai de Malini que vivia com a mãe na Índia; Malini era falante, gesticulante e soberba como uma princesa. Foi no palacete que Camundo deparou-se com a existência de um misterioso quadro branco que muitos o tinham como amaldiçoado, assim também como Elano e o velho Hans Eisenbahn dono de um Ateliê “místico” e que fazia previsões sobre o garoto. Os dois ajudariam – em muito - Camundo durante o processo de controle de seu dom de desenhar. Depois da chegada ao palacete do Sr. Duarte, Camundo descobrirá várias coisas sobre sua vida, inclusive sobre sua mãe, seu pai e seu nome verdadeiro.

Quando a Marca do Lagarto surgiu no xale trazido por Camundo, eis que então vem à tona os Homens do Lagarto, um tipo de sociedade secreta que é interessada nos desenhos de Camundo assim como foram pelos traços de Beatriz no passado. Quando o quadro branco desaparece são eles os principais suspeitos. Elano e Malini estudavam essa organização misteriosa, Malini o fazia secretamente; descobriram que eram pessoas comuns que assumem várias identidades ao dia, reuniam-se sempre em lugares sombrios à noite, como por exemplo, em cavernas.

A aventura dos mistérios, magia, desenhos, amizades em busca da verdadeira face não só da arte “sombria”, mas do próprio Camundo, terá um final surpreendente. Verdades serão reveladas – definitivamente sairão das sombras - o laço de amizade pode ir muito além do que é; assim como a própria arte. O respeito aos que se aprofundam ainda mais e projetam os sentimentos e impressões controlando seu dom no papel, deve ser meta principal quando se quer entrar num mundo novo, o mesmo que se fará após cada traço, cada desenho evocado das mãos e coração conturbado de um menino que busca se encontrar.

Minha opinião:

Camundo – O Desenho e a Sombra traz uma aventura inédita. Não existe nada que se compare na literatura e creio que essa foi premissa do autor. Peca-se ao comparar o enredo a qualquer outro, pois Camundo é impar. Nanuka Andrade traçou sua história em folhas virgens (jamais usadas) e o fez tomando de uma narrativa fluente e simples, sem complicações aos leitores, para mim é um baluarte que marcará para sempre a simplicidade do ato de desenhar.

Em Camundo – O Desenho e a Sombra; Nanuka nos convida a olhar não só para dentro da arte rudimentar que nasce em cada um de nós, ou seja, o desenho. Mas para as várias nuances que podem existir em seus aspectos contextuais; para Nanuka e Camundo, todo desenho que ter vida e revelar-se. E ele tem razão quando propõe isso em seu livro; nunca esqueçamos que desenho é imagem e como tal fala muito.

A meu ver, Nanuka fez (engenhosamente) uma ponte entre Camundo e o mundo real. O livro pode ser visto também como a revelação de um sonho, a luta de um artista que tenta vencer não só as dificuldades físicas de projetar sua arte ao mundo, mas o próprio revelar de seu íntimo: o brilhante dom que sai das sombras para mostrar-se à luz de nossas pupilas. Como bem disse Fernando Pessoa: “A arte é a auto-expressão lutando para ser absoluta”.

Ora, a arte verdadeira, não é ensinada, ela é transmitida no momento que nascemos; dela só podem dizer os professores: deve ser aperfeiçoada. Como Camundo, não escolhemos ser artista, é a própria arte que nos elege, pois ela é o cerne que move todo talento. Os conflitos, as perseguições, os círculos de amizade e a própria arte do livro de Nanuka, revelam um Camundo aparentemente misterioso, apontam seu íntimo, apontam seu caráter artístico e de repente achamos não o personagem, mas o próprio autor. Isso me fez lembrar uma frase abaulada de Leonardo: “A arte diz o indizível; exprime o inexprimível, traduzo intraduzível”.

Leiam Camundo – O Desenho e a Sombra, deleitem-se nesse livro bem desenhado com letras que expressam de maneira peculiar a nossa arte brasileira.
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Um comentário:

  1. Venilton, meu amigo, muito obrigado pela linda resenha! Estou lisonjeado!

    Espero poder conversar contigo em breve.

    Forte abraço!

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