sexta-feira, 4 de março de 2011

O Senhor Escravo de Si

Todo escritor é um "Senhor" e como tal tem posses, tem poderes, tem servos. Sua maior riqueza está concentrada nas palavras, que lhe servem doando suas vidas, e assim lhe garantem certo "lucro" trabalhando nos campos sem fim do seu vasto pensamento. São elas que lavram a terra(página), plantam as sementes (letras), cuidam das primeiras irrigações e conjecturas das sílabas tônicas ou não; zelam de todas as variedades de fonemas. Logo nascem os verbos, artigos definidos e indefinidos, substantivos e sujeitos ocultos que se proliferam, enroscam-se à adjetivos sem fim, surgem os primeiros botões do gênero literário. O "Senhor" vem então colher suas frases, orações e assim, as coloca em caixas(parágrafos) que são inteiramente cheia e empilhadas.

O escritor - ambicioso senhor que é - deseja sempre elevar suas riquezas ao máximo, nisso anseia aumentar a produção. Eis que uma rebelião explode nas suas propriedades e as melhores palavras fogem. Na madrugada, com a cabeça passando por uma seca terrível, ele vê sua lavoura definhar. Enfim consegue capturar algumas pequenas; as prende num tronco, as faz sangrar e obriga-lhes a delatar para onde fugiram as grandes.

O pobre "Senhor" escritor, descobre da pior maneira, que está tão escravo das palavras quanto essas dele.

2 comentários:

  1. Venilton sábias palavras! Faço delas minhas tbm, pois concordo plenamente com seu texto. Somos senhores e senhoras, cultivando uma semente de ideia que queremos proliferar.
    Adorei!
    Sucesso!
    Bjos
    Lilo

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  2. Enfim me entenderam. Beijo e abraço Lilo.

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