terça-feira, 1 de março de 2011

Santa Esperança

Quando o peito nosso - esse pobre moribundo - resolve tombar; ele transborda de dor. A mesma que jorrou no passado (colossal) com seus domínios revestidos de saudade, justapondo a honra nossa; um sentimento inefável, sórdido; trata-nos pequenos, trata-nos ínfimos. Mais uma vez, vemos-nos sem estima, combalidos e envoltos ao término de nós mesmos. E quando quase sucumbindo aos pés do fim, no último suspirar, eis que aponta um facho de luz acima de nós; de nossas dores pequenas. Tão intensa vai de olho a olho alcançando a alma nossa; contemplamo-la, majestosa força que nos impele uma ordem irrevogável:

- Levanta o teu manto escarlate, joga-o sobre o peito jaz da dor. Quando ela - covarde que é - vier te cobrar seus espólios, diga-lhe simplesmente: não germinará em mim o silêncio das horas tristes nem a loucura chamada solidão. Esse peito é fértil e só germina palavras vindas do coração.

Em nossa jornada, nos dias sombrios, quando almejamos a admirável e incansável verdade do que somos, vemos sempre uma santa. Oh Santa! Que ouve todo clamor; louvado sejas tu nossa Santa Esperança que alça a vida nossa de volta ao caminho do amor.

(Texto retirado do meu livro Reminiscências)

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